A concepção freireana de Educação Popular e algumas implicações na Educação no/do Campo


Comentários

  1. Seria possível o palestrante indicar a obra de Paulo Freire onde encontro os 4 eixos que definem a educação popular? Em caso positivo, enviar para lineuneb@yahoo.com.br

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  2. Oi Aline, obrigado pela questão.
    Os quatro eixos que menciono, são, na verdade, sistematizados por mim. Você pode encontrar o trabalho no link https://doi.org/10.22409/mov.v0i7.425.
    O livro em que Freire apresenta de forma mais específica sua concepção de educação popular é o "Quefazer: teoria e prática em educação popular" com Adriano Nogueira. Mas é sempre bom lembrar que essa temática está presente em outros livros como "pedagogia do compromisso" e "política e educação".
    Abraço!

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    1. Prezado Diego, muito obrigada pela atenção. Em tempo, registro que sua fala foi muito importante para mim, pois busco, estou buscando alinhar a reflexão freiriana as discussões sobre o campo brasileiro/baiano. Suas sugestões serão muito úteis nessa empreita. Obrigada,

      Aline dos Santos Lima

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  3. Primeiramente gostaria de parabenizar a Diego pela contribuição. Agora, partindo da problematização do vídeo e no intuito de contribuir ao debate, gostaria de expressar algumas ideias. As bases teóricas, práticas e vivenciais de Paulo Freire permitiram-lhe ampliar seu idealismo inicial. Assim, num segundo momento, o materialismo fez com que sua proposta fosse, mais marcadamente, uma proposta de transformação das estruturas sociais de opressão. A ênfase no método freireano, entendendo-o como uma ação política, possibilita problematizar o papel/contexto/trajetória do educador popular, entendendo as configurações e especificidades que a identidade das e dos educadores populares vão trazer na própria prática como educadores populares.
    Desta forma, considero importante refletir não só sobre o “conteudismo abstrato” na crítica da educação bancaria em relação às/aos educandas/os, mas também na possibilidade dum conteudismo abstrato daqueles educadoras/es populares que não problematizam sua própria identidade nos seguintes aspectos, como a minha orientação sexual, cor da pele, classe social, gênero, e outras condicionantes, vão potencializar ou afetar minha prática como educador popular progressista?
    Assim, minha reflexão e provocação seria no sentido de nos repensar e nos problematizar antes de sair “pro campo” – entendendo e concordando junto com Diego que devemos pensar ao método freireano para além de localizá-lo como exclusivamente pro campo – para, no intuito de conseguir uma ação política transformadora que ajude tanto aos educandos como às/aos próprias/os educadoras/os, conseguirmos juntas/os nos processos de educação popular melhores resultados e experiencias pedagógicas. Obrigado pela partilha e continuamos trocando ideias. Julio Itzayán Anaya López

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    1. Caro Diego, agora percebi que talvez não fui muito claro no meu comentário anterior, no qual, na verdade, intentei colocar uma pergunta para você. A pergunta seria, como pensar, refletir e combater a possibilidade dum "conteudismo abstrato" daqueles educadoras/es populares que não problematizam(os) sua (nossa) própria identidade nos aspectos de orientação sexual, cor da pele, classe social, gênero - e outras condições centrais -, e como isso influi nos processos pedagógicos? Obrigado pela atenção.

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    2. Oi Júlio, realmente eu não tinha entendido uma pergunta.

      Devemos ter em mente que o combate é contra o conteudismo e não aos conteúdos. Esses não são abstratos em si, porque são cultura e patrimônio humano, trabalho intelectualizado, podemos dizer assim.
      Resta fazer a problematização deles com a realidade concreta e visão de mundo do educando para que não soem abstratos.
      Essa problematização passa pelo necessário contato com os conteúdos, porque sem eles não há base para o entendimento crítico da sociedade, por isso a defesa dos conteúdos.
      Mas essa problematização também deve passar, e nisso você está certíssimo, pela problematização dos porquês de não terem tido esse contato. História da classe trabalhadora e dessas "minorias" que são na verdade, maioria....
      Gosto muito da ideia de Walter benjamin, que nos fala em "escovar a história a contra-pêlo"... Quando a gente escova o cabelo a contra-pêlo a gente pode ver o couro cabeludo que estava escondido...
      Eu só acho, como marxista, que as pautas identitárias têm um limite, elas não devem se sobrepujar à luta de classe.
      Para mim, machismo, racismo, misoginia, lgbtifobia, etc, são consequências diretas do modo de produção capitalista.
      Abraço!

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    3. Muito obrigado Diego, suas considerações são muito valiosas e continuarei refletindo nas suas colocações. Concordo completamente com você quando cita a Benjamin falando sobre a necessidade de olhar a história a contrapelo. Mais uma vez obrigado e continuamos em contato. Abraço

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  4. Oi, professor!
    Tudo bem?
    Espero que sim.

    Gostei muito do fio condutor reflexivo que o senhor apresentou, colocou-me pensando sobre uma série de coisas, por isso, muito obrigado.

    Mas, queria saber do senhor - tomando como referência os dias atuais tão marcados pelo obscurantismo, revisionismo histórico e o bestial negacionismo da realidade; quer dizer, um contexto presente, inclusive, na administração pública. Nessa perspectiva, a retomada da consciência "de si" e dos "outros" que marcou a primeira fase de Paulo Freire não seria uma alternativa, um modo de não sucumbir ao estado de ignorância generalizado?

    Parabéns pelo trabalho.
    Forte abraço.

    Antonio José de Souza
    (Itiúba/Bahia)

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    1. Caro Toni, obrigado pela questão.
      O que estou criticando é a supervalorização da tomada de consciência e não a tomada de consciência em si. Devemos nos afastar de qualquer concepção redentora de educação. A educação, sozinha, não muda a realidade, nem a tomada de consciência. Essa é a questão que coloco.
      Agora, sem dúvida, a tomada de consciência é importante, mas não uma consciência solipsista individual e sim de classe.
      Importante também considerar que os ataques que Freire sofre têm muito a ver com sua defesa da humanização, assim, a consciência de que devemos lutar pela gentificação é sim uma das armas que temos nesses tempos: a defesa do desenvolvimento da vida.
      Abraços!

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  5. Prof Diego. De todas as conferências que assisti achei a sua a mais complexa - Meu orientador sempre dizia: "meu objetivo é bagunçar sua cabeça pra fazer vc pensar melhor..." Realmente com sua conferência descobri que preciso estudar muito o pensamento de Freire. Já baixei seu texto e vou estudá-lo detalhadamente! O senhor falou várias vezes sobre a opção de Freire pela formação humana. Em quais obras posso encontrar posso encontrar um destaque para a formação humana? Nivia Barreto dos Anjos.

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    1. Oi Nivia, fico feliz de ter deixado "uma pulga atrás da orelha" !
      É difícil apontar um livro especial porque esse tema está presente em toda obre de Freire.
      Se você ainda não tem muita leitura do autor, te sugiro ler o livro "Ação cultural para a liberdade e outros escritos", antes mesmo da pedagogia do oprimido.
      A educação é uma prática social que tem como intencionalidade primeira a formação humana. Parafraseando Simone de Beauvoir, ninguém nasce humano, nos devemos nos educar para sê-lo. Uma prática educativa crítica deve compreender não somente os valores da humanização, mas também a função social de fazer os alunos entrarem em contato com o patrimônio cultural da humanidade, condição indispensável para a humanização.
      Abraços!

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    2. Obrigada Professor! Vou reler este livro e focar na formação humana. Parabéns pela excelente conferencia!

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    3. Nada Nivia, qualquer coisa, no futuro entre em contato. Meu email é diegoc@id.uff.br

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  6. A organização temporal das obras e das ideias de Paulo Freire são de fato necessárias. Sua fala nos provoca a caminhar nessa temporalidade e inclusive retomar o conceito de “incompletude”, mostrando através da própria construção intelectual de Freire essa permanente condição de construção de si e do conhecimento. Já salvei o artigo disponibilizado para continuar a compreensão das implicações de ser um educador popular.

    Professor, quando Freire apresenta o conceito de educação bancária, existe uma crítica ao conteudismo e não ao conteúdo. Em que medida devemos ter atenção a esses conteúdos sistematizados para que não sigamos na reprodução da hegemonia dominante e das dimensões sobre as quais se sustentaram como por exemplo, o racismo e as desigualdades de gênero?
    Débora Gomes Gonçalves

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    1. Débora, obrigado por suas colocações, realmente a trajetória de Freire é em si um exemplo de maturação de ideias, sempre de forma aberta e crítica.
      Quanto à questão do conteudismo, mantenho a resposta que dei ao Júlio, acima.
      Abraço!

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  7. Diego, obrigada por sua palestra. Acho que o final da sua fala foi muito reflexiva e entendo que a mensagem é "descolonizar a Universidade".
    Não tenho perguntas, só colocarei uma complementação ou melhor uma experiência:
    Em 2018 conheci o MESPT que é um Mestrado destinado aos povos tradicionais. Realizado pela UnB. Fiquei encantada com a potência epistêmica dos mestrandos que conheci. É muita gente resistindo nos territórios e que precisam da conexão com a academia e os territórios.
    Acho que as Licenciaturas em Educação do Campo que avançam pelas universidades brasileiras também são campos de diálogos importantes para fortalecer os saberes que permeiam os territórios campesinos. A questão é resistir e persistir.

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  8. Olá Diego, grata por sua explanação! Suas falas confirmam o quanto Paulo Freire é atual e como sua obra nos impele a pensar a educação como um processo complexo, que desafia as estruturas sociais. Está claro o medo da elite brasileira de uma educação pautada nos princípios freirianos, que nunca se concretizou no país. Algo que me marcou muito foi sua clareza acerca da educação popular como uma ação política de formação do povo e como apropriação dos conhecimentos pelo povo. Nosso esperançar é que esse conhecimento nos auxilie a transformar a realidade desigual que a educação brasileira enfrenta!

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  9. Olá, prof. Diego, instigante a sua fala e nos leva a muitas reflexões entre elas a questão da formação humana tão pautada nos escritos de Freire como papel da educação. Mas fico refletindo do grande desafio de um processo educacional objetivando a formação humana num sistema capitalista que nega e menospreza o humano em prol do lucro e da competitividade. O que entendemos por formação humana num contexto de capitalismo selvagem, de expropriação de direitos; e como podemos desenvolver nossas práticas para essa finalidade em situação de perseguição ideológica de ações educativas contra hegemônicas?

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    1. Cara Maria Fernanda, Freire aponta como uma das questões fundamentais da educação popular a necessária tomada do poder para poder realizar os projetos de país que levam a projetos de governo e consequentemente, de educação.
      Não há possibilidade de um governo de direita querer usar essa perspectiva como orientação central de seu projeto de educação.
      Contudo, se não podemos tudo, podemos alguma coisa, como diria o mestre.
      A militância por condições de trabalho me parece a única forma na atualidade que vivenciamos. Os sindicatos de educação ainda vem desempenhando um papel determinante e devem ser fortalecidos.
      Abs!

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  10. Maria Fernanda Santos Alencar29 de setembro de 2020 às 06:46

    Desculpe, não me identifiquei. Sou Maria Fernanda.

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  11. Olá professor Diego! Tudo bem?
    Sua fala é bem complexa, porém tentarei aqui através de algumas questões ver se conseguir entender o que você expressou :

    1. O que seria uma tomada de consciência no ensino voltado para a Educação Campo?
    2. Quais seria os tipos de idealismo postos no ensino voltado para Educação do Campo? Como superá-los caso seja dados como negativos?
    3. Em que aspectos a relação entre movimentos sociais e universidades podem ser melhorados na defesa de uma Educação do Campo mais participativa e emancipadora?

    Grata: Maria Helena Brito de Almeida.

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    1. Cara Maria Helena, suas perguntas são inquietantes, mas muito teria que ser dito pra respondê-las.
      O que posso reiterar é que nossa função como educadores passa necessariamente fazer os alunos entrarem em contato com o patrimônio cultural do qual foram historicamente alijados. A educação democrática não se faz em afagos identitaristas, mas em uma base material.
      As experiências dos movimentos populares, como o mst mostram essa preocupação, por isso essa organicidade é necessária.
      Abs!

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  12. Olá Diego, parabéns pelas colocações...

    Instigaram-me em debruçar ainda mais nas obras de Paulo Freire, reconhecendo q mesmo em um contexto diferente, as ideias de Freire ainda são tão vivas para compreendermos a atualidade. Assim, penso que é importantes refletirmos com/sobre Paulo Freire.
    Concordo quando você esclarece que a educação não é a redentora de todas as mazelas da sociedade. Penso que é importante demarcar que existem outros atravessamentos políticos, econômicos e sociais que demarcam essa realidade. A tomada da consciência é importante, mas não deve ser vista como uma panaceia, tendo em vista que existem outras implicações que emergem para um contexto transformador e de resistências.
    Excelente a distinção entre Educação Popular e EJA...
    Como educadora, esperanço movimentos que contribuam para tornar a Educação como uma práxis de (trans) formação, perspectivando romper com as estratégias de opressão utilizadas pelas classes dominantes, que lutam para que os "demitidos" da vida permaneçam com suas mãos estendidas em gestos de "súplica".

    Atenciosamente,
    Lília Rezende.

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    1. Obrigado por suas palavras Lília!
      Sigamos juntos nessa esperança!
      Abs,

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  13. Olá professor Diego parabéns pela fala, foi muito elucidativo suas colocações principalmente sobre a diferença entre o método e a intencionalidade de Paulo Freire. Mesmo já tendo visto palestras, documentários e lido algumas obras, Paulo Freire se mostra infinitamente maior do que conseguimos compreender. Minha tentativa de compreender os pontos que o senhor apresentou me leva a questionar se a tomada de consciência da condição de oprimido é uma ação exclusivamente individual ou ela deve ser uma tentativa de prática coletiva e como conectar este ato a consciência de classe? (Não saberia dizer se um indivíduo uma vez que se percebe oprimido imediatamente já se identifica com os seus demais)


    Raquel Viana dos Anjos

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  14. Olá, Parabéns pela explicação da palestra, sobre essa concepção freireana de educação no campo. Tendo em vista, oque foi pautado na palestra, surgiu uma dúvida, em relação aos trabalhos de pesquisas, que usam o campo como área a ser estudada, e o conhecimento popular para elaborarem pesquisas. Ao final destas pesquisas tem--se um resultado, seja ele, a forma de artigo, resumo ou TCC. A pergunta é, oque fica para o campo? , como esses pesquisadores podem ajudar essa educação popular a chegarem a outros espaços ?

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  15. Olá Professor.

    muito provocativa sua reflexão, falar do que falta ao a educação e ao educador idealista e lembrar que a características da educação popular progressista é a sua intencionalidade. A educação tem que se articular com a luta pela transformação das estruturas opressoras. A valorização do saber popular não exclui a necessidade de aproximar os grupos populares do patrimônio cultural da humanidade. Gostei de ouvir que esta é uma questão política.

    Uilma dos Santos Ramos
    Mestranda ProfePT IF Baiano- Campus Catu

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  16. Parabenizo ao professor pela falas/reflexões e aos demais participantes do Congresso por todas as contribuições e reflexões nos comentários. Li todos e saio desse espaço virtual com outras referências e possibilidades sobre os escritos freirianos, sobretudo, na ampliação das discussões defendidas por Paulo Freire. Anotei algumas referências para leituras e reflexões futuras. Grata pela partilha e socialização!

    Aila Cristina Costa de Jesus

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