Olá professora Silvia. Muito interessante a sua fala, principalmente para quem trabalha diretamente com a educação profissional, como é o meu caso. Suas colocações aumentam a angústia diante da dificuldade de colocar em prática a educação emancipatória diante de uma estrutura de educação formal bastante rígida e que parece estar indo na contramão diante do que está posto como reforma do ensino médio. Para quem trabalha com educação profissional no ensino médio, tem-se o desafio de construir a visão crítica em relação ao mundo do trabalho para aqueles que ainda não sentiram a exploração que o emprego proporciona nessa sociedade capitalista.Vejo como uma forma interessante de chegarmos mais próximos da educação emancipatória o desenvolvimento de projetos de extensão que tenham esse viés. Mesmo assim, esses projetos ainda são vistos como 'adjascentes', opcionais ao ensino em sala de aula. Acredito que a curricularização da extensão pode ser um avanço em relação ao desenvolvimento de matrizes que levem em consideração as identidades territoriais, ou cultura local. Mas tudo depende de como essa curricularização será fomentada.
Tatiana Losano de Abreu Instituto Federal da Paraíba
Estou de acordo consigo, sobre as dificuldades em colocar em pratica essa Concepção educativa no contexto escolar, no momento histórico pelo qual estamos passando. Contudo ainda penso que sejam possíveis algumas pequenas ações de resistência e o ensaio de pequenas ações com estratégias didático-metodológicas que insistam nessa nossa perspectiva emancipatória e alternativa à orientação oficial. Por exemplo, penso na possibilidade de trabalhar com alguns temas geradores que partam da centralidade do trabalho (em suas varias dimensões) e que permitam desenvolver de forma integrada e articulada algumas disciplinas profissionalizantes com aquelas básicas. Quem sabe, voce encontrada alguns colegas que por adotarem a nossa visão freiriana topam fazer uma tentativa, um ensaio de desenvolver um ou mais temas geradores de modo integrado ou mesmo desenvolver um pequeno projeto de pesquisa participante com alguma entidade da sociedade civil (associação, sindicato, cooperativa) através dos quais pudessem colocar em pratica alguns dos princípios que defendemos. Quem sabe , poderia ser um passo inicial, para dar um salto maior quando a situação e o cenário político nacional nos forem mais favoráveis. De qualquer forma penso que pequenos ensaios e tentativas de subversão e resistência da ordem burocratizada e rígida, sempre trazem novas aprendizagens ,ainda que apenas nos renovem como profissionais da educação. Um abraço, Silvia Maria Manfredi
Olá professora! É verdade, qualquer tentativa é válida se estivermos caminhando para a educação emancipatória. Obrigada pelas colocações Abraços Tatiana Losano de Abreu
Profa Silvia. A cada palestra fico mais sua fã. Li recentemente seu livro A Educação Profissional no Brasil - muito interessante o capítulo que retrata sobre os Movimentos Sociais (o livro todo é maravilhoso!). Gostaria de saber se Paulo Freire chegou a estudar explicitamente o conceito de Omnilateridade e em quais obras dele é mais fácil entender implicitamente a formação humana integral .
Paulo Freire não chegou a desenvolver num texto especifico o Conceito de Omnilateralidade e formação integral. Você vai encontrar citações esparsas ao longo de toda a sua obra, pois partiu de outros conceitos como cultura, educação , conscientização. Contudo há freirianos como Moacyr Gadotti e os colegas do Instituto Paulo Freire que escreveram um texto sobre educação integral e Moacyr tinha um artigo cobre o conceito de omnilateralidade. (não é muito recente). site do IPF - www.paulofreire.org
Profª Silva, é muito bom ouvir relatos de pessoas que de fato vivenciaram em sua vida de educadora experiência que contribuíram não só para a sua formação, como também para formação dos outros envolvidos no processo. A matriz Freireana como bem colocado pelo a professora diálogo com a educação profissional e tecnológica, no entanto, é comum percebermos que a visão de alguns educadores, nesta modalidade de educação, ainda é voltada para o ensino tradicional e tecnicista, então o que se pode fazer para que os ensinamentos de Freire alcance estes profissionais, que até se dizem defensores de uma educação para autonomia, mas na prática estão bem distante?
É com imensa tristeza que vivencio este momento de retrocesso e de interdição de experiências no campo da Ept, que vinham se afirmando no campo da formação integral tendo o trabalho e as culturas regionais como princípios fundantes. Nesse momento, não creio seja possível pensar em politicas públicas de formação continua de docentes de Ept, numa perspectiva emancipatória. Contudo, reputo que experiências como a organização deste congresso, podem se multiplicar por outros canais e meios....Sindicatos, Associações docentes, Ongs, grupos informais de professores nas escolas, podem se organizar e difundir os pressupostos e experiencias que se referenciam na pedagogia freiriana.Já existem várias iniciativas nesse sentindo, pelo Brasil afora, é preciso se engajar e buscar alternativas conjuntas. Um abraço, Silvia Maria Manfredi
Prezada profa. Silvia Manfredi, muito grata por compartilhar as suas experiências como educadora freiriana, bem como, a sua compreensão de mundo e o seu olhar sensível sobre a matriz freiriana. As duas experiências relatadas representam e materializam uma proposta de Educação Profissional e Tecnológica essencialmente emancipatória.
Considerando as políticas educacionais brasileiras no momento atual, penso que teremos muitos desafios, aqui só vou socializar dois, a saber:
1. Articular os saberes socioculturais dos educandos integrados com a formação Profissional e Tecnológica, tendo as diretrizes de um Currículo Nacional Comum Curricular (BNCC) extremamente conteudista e tecnicista, pautada em competências e habilidades. 2. Pensar práticas educativas problematizadoras, democráticas e emancipatórias na Educação Profissional e Tecnológica sem o viés ideológico, uma vez a “Escola sem Partido” - defendido pelo Governo - são pressupostos de uma Escola ou de uma formação que nega a dimensão dos saberes culturais dos educandos, sufoca e vigia as tramas ideológicas democráticas, bem como, controla a visão crítica de mundo e do sujeito no mundo.
Um forte e-abraço, Rosineide Pereira Mubarack Garcia
Concordo com as suas ponderações e comentários, contudo penso que apesar de tudo a escola ainda pode ser um espaço de construção de resistências e construção de experiências que podem desenhar propostas para a transformação em outros períodos e momentos históricos.....ainda que no presente os constrangimentos nos impedem.... Lembro sòmente que tanto na minha experiência de educadora e pesquisadora , como muitas reflexões feitas por Paulo, foram sendo elaboradas e praticadas durante os períodos de resistência; a proposta de hoje é fruto da construção de muitos, nos subterrâneos da oficialidade; ´quando é possível temos no momento presente construir pontes com um futuro diferente,sabendo usufruir das brechas e fissuras que o sistema possui.....
Sua fala é muito importante, principalmente no âmbito dos Institutos Federais onde muitos professores vem lecionar diretamente após concluir uma longa trajetória de graduação, mestrado e doutorado técnico e sem a vivência do público alvo destas instituições. Resta construir esta consciência ao longo do caminho, como foi muito bem dito na conferência.
Sei que neste momento uma formaçao continuada de professores com a perspectiva emancipatòria nao è facil de realizar. Contudo pessoas como voce podem ser os agentes de transmissao, prompovendo essa conscientizaçao. Um abraço, Silvia Maria Manfredi
Contribuições potentes! É inegável o caráter ontológico e histórico do trabalho. Assim, as propostas educacionais de educação profissional precisam ter como pilares o reconhecimento dessas dimensões do trabalho. E isso significa também considerar, como bem colocou a professora, o trabalho para além da sobrevivência e considerar a sua importância na formação do sujeito. É imprescindível da mesma forma, que tenhamos como premissa que precisamos organizar as nossas práticas de tal forma que possamos estabelecer diálogos entre os saberes sociais e os saberes científicos e tecnológicos, e a escola precisa ser o espaço onde essa curiosidade humana vai se criticizando ao ponto de chegar aos rigores dos saberes científicos, como defendeu Freire. Quais as limitações de um currículo por competência para uma proposta pedagógica que tenha o trabalho como princípio educativo? Débora Gomes Gonçalves
O principio de organizaçao curricular, na perspectiva freriana trabalha com temas geradores ligados a problemas e questoes sobre os mundos do trabalho (da atualidade) com uma perspectiva de compreende-los, interpreta-los à luz de dimensoes historicas, culturais, sociais e tecnologicas. E claro que a partir deste temas, voce pode e deve prever o desenvolvimento de habilidades cognitivas, relacionais, competencias informaticas, tecnologicas.....ou seja definir objetivos instrucionais relativos a cada disciplina que de modo integrado aporta conteudos teorico praticos para desenvbolver o tema gerador. O problema de um curriculo por competencia è que a lèogica de organizaçao è inversa e partindo de dimensoes operacionais e singulares, nao consegue trabalhar os conteudos de maniera integrada e aprofundada. Procure ler algumas experiencias que trabalham com temas geradores na ept e perceba concretamente como a logica è distinta. Um abraço, Silvia Maria Manfredi
Prezada professora Sílvia, bom dia! Parabéns pelas excelentes colocações. É sempre um prazer para mim ouvi -la, como também, debruçar-me nas leituras de suas obras. Sou docente e estou como coordenadora de estágio em um eixo tecnológico, penso q a educação profissional encontra-se permeada de inúmeros desafios, mas também, vislumbro cenários de grandes possibilidades. Um dos desafios é a variedade polissemica do termo Trabalho, ainda confundido como emprego. Acredito q mesmo com muitos avanços nas discussões sobre a Educação desta modalidade, ainda existe uma imprecisão conceitual desse termo. É fundamental q o Trabalho seja visto como um princípio, não como o meio. Assim, baseada nessas inquietações, gostaria de fazer uma provocação: De que forma Paulo Freire poderia nos ajudar a pensar uma educação profissional para além do "mercado de trabalho"? Quais perspectivas / estratégias freiriana poderiam contribuir para q os "demitidos da vida" não permaneçam com "as mãos estendidas em gestos de súplica"?
Prezada Lilia,ir Efetivamente a tua inquietaçao è uma provocaçao . As obras de Freire embora nao mencionem especificamente à educaçao profissional contèm varias pistas para que nos criemos estratégias educativas na perspectiva da tomada de consciencia, da autonomia, da construçao entre teoria e pratica e por ai vai....penso que no relatos feitos durante esta conferencia voce pode encontrar algumas experiencias significativas para construir caminhos possiveis de cosncientizaçao e quiça de mudança. Um abraço, Silvia Maria Manfredi
Parabéns! Muito pertinente essa Conferência. De fato, nós educadores/ras precisamos interligar os conhecimentos culturais aos teóricos. Essa tessitura é de extrema necessidade.
Suas reflexões lastreadas nos princípios Freirianos são muito oportunas.
Boa parte das minhas reflexoes também sao lastreadas em praticas e penso que apesar das dificuldades, houve muito crescimento e aprendizagem de minha parte como educadora e de muitos dos troabalhadores com quem interagimos ao longo dos anos. Esse mix de culturas è muito rico e produtivo.
Professora Silvia Manfredi, para mim é um momento importante ouvi-la. Estamos com uma reforma do ensino médio por meio da Lei 13.415/2017 para ser implementada nas instituições de ensino. Sabemos dos dilemas que essa lei apresenta para uma prática da educação emancipatória, contextualizada e reflexiva da realidade e do mundo do trabalho. Se possível, gostaria que comentasse um pouco sobre essa legislação e a (im)possibilidade de se pensar emancipação e autonomia quando da inexistência do diálogo para se pensar politicas públicas de educação.
Prezada Maria Fernanda, Posso imaginar a frustraçao de educadores como voce que estao na linha de frente , tendo que enfrentar uma reforma retrograda que anula muitas das conquistas feitas nas ultimas décadas....E uma reforma na contramao de tudo em que acredito e tenho lutado no campo da educaçao. Confesso que nao me preocupei em conhece-la em profundidade. Contudo penso que no quotidiano do nosso trabalho das escolas, sempre podemos encontrar brechas para driblar a oficialidade. O importante è criar se momentos de dialogo com os alunos e os colegas para construir alternativas possiveis, ainda que pontuais. Esse congresso, està abrindo brechas e portas. Um abraço, Silvia Maria Manfredi
Boa tarde professora Silvia. Agradeço pela oportunidade de ouvi-la. Muito importantes as suas colocações, principalmente para quem está na Educação Profissional e Tecnológica e acredita numa educação verdadeiramente integral e ampla. Sou mestranda do ProfEPT e desenvolvo minha pesquisa na área da educomunicação, fortemente conectada aos preceitos freirianos nas obras de Kaplún e Martin-Barbero. Defendo que a Educação Profissional e Tecnológica só será integral e ampla se também for educomunicativa, pois para uma leitura crítica de mundo no tempo em que vivemos a comunicação é essencial, pois ela circunda a vida. Gostaria de ouvir sua opinião a respeito da inclusão da educomunicação nos processos educativos e sobre como tornar isto uma realidade? Eliane Vieira de Ataides Valim
eEliane, Confesso que nao tenho muita familiaridade com os autores que voce menciona. Contudo penso que os principios frerianos de dialogo, leitura critica do mundo e das informaçoes se apliquem também na educaomunicaçao. Como viabiliza-la nao saberia lhe responder pois dependem de varias condiçoes materiais, recursos humanos e institucionais (regulamentaçao ) que podem nao existir no momento e que devem ser criadas....contudo creio que seria uma area de fundamental importancia .
Prezada professora Sílvia, a minha admiração. Trouxe-nos excelentes contribuições, como sempre, para uma compreensão acerca da educação como prática social e portanto de uma educação profissional emancipatória. No entanto há que se considerar que enquanto avançamos no sentido de uma educação emancipatória nos deparamos também com ataques promovidos aos projetos que pretendem a sua supressão. Assim, o que se vê é um projeto crescente de desmonte da educação e de desvalorização do trabalho como prática de liberdade. Nesse contexto, Paulo Freire torna-se necessário seja para o fortalecimento de práticas educativas emancipadoras, seja para o combate às práticas nocivas que impedem a implementação de uma educação integral e emancipatória.
Obrigada Nelian, O importante é seguir trabalhando nessa direçao. O Congresso està servindo para somar forças e idéias nesse sentido. Silvia Maria Manfredi
gostaria de iniciar lhe parabenizando pela importante contribuição. Muito necessária a educação profissional e tecnológica a conexão com experiências e reflexões que busquem articular os dois tipos de "conteúdos culturais". Também comungo da ideia de que o trabalhador é produtor de si mesmo e produtor de cultura, essa crença manifesta-se, entre outros, no relato de experiência submetido nesta conferência. É motivador acessar a reflexões que ressaltam a importância dos saberes das experiências para ampliar a formação na EPT.
Uilma dos Santos Ramos Mestranda ProfePT IF Baiano / Campus Catu.
Primeiramente gostaria de parabenizar pela excelente aula. Gostaria de saber quais são os principais desafios para construção de uma educação profissional que seja emancipatória? Maíra Vitória Moreira dos Santos
Os desafios sao muitos e vao desde a estrutura curricular, a cultura da escola e dos professores, bem como das expectativas dos alunos (entre outras). Passa principalmente pela tomada de conscienciapolitico-pedagogica dos docentes e naturalmente das condiçoes de funcionamento organizativo das escolas e do grau de autonomia e da possibilidade de planejar e construir coletivamente os projetos de ensino. As barreiras podem ser muitas, mas quando existe consciencia e vontade politicas as brechas podem ser sempre encontradas, penso que na sala de aula quem manda sejam ainda os professores, que podem criar varias situaçoes de dialogo e construçao de alternativas de conhecimento junto com os alunos. Trabalhar com projetos e temas geradores (na acepçao freriana) pode ser um bom começo.
Uma honra ouvi-la! Parabéns! A sua trajetoria contribui bastante para ampliar o alcance dos conhecimentos de Paulo Freite. A articulação entre saber popular e saberes escolares na EPT é, de fato o desafio que se soma a necessidade de se superar a desarticulaçao entre conhecimentos tecnicos e conhecimentos científicos.
Professora gostaria de saber que estratégias podemos utilizar para promover uma educação emancipadora que capacite o estudante para além do mercado de trabalho dentro de instituições como os Institutos Federais.
Neste Congresso, através dee algumas palestras e dos relatos trouxe uma série de exemplos de possibilidades, reflita sobre as experiencias apresentadas. Um abraço, Silvia Maria Manfreedi
Parabéns Professora Silvia por nos presentear com esse diálogo que nos é caro. Pensar uma educação profissional emancipadora é pensar numa educação politécnica, onde o trabalho. a ciência e a cultura estejam em estreita relação. Muito grato por suas considerações sobre a educação profissional, Paulo Freire e a relação do trabalho com o conceito de cultura.
Enorme prazer vê-la aqui professora Silvia!!! No decorrer deste Congresso iremos debatendo estas importante reflexões que você nos traz.
ResponderExcluirObrigada, vamos continuar a dialogar como sempre.
ExcluirOlá professora Silvia. Muito interessante a sua fala, principalmente para quem trabalha diretamente com a educação profissional, como é o meu caso. Suas colocações aumentam a angústia diante da dificuldade de colocar em prática a educação emancipatória diante de uma estrutura de educação formal bastante rígida e que parece estar indo na contramão diante do que está posto como reforma do ensino médio. Para quem trabalha com educação profissional no ensino médio, tem-se o desafio de construir a visão crítica em relação ao mundo do trabalho para aqueles que ainda não sentiram a exploração que o emprego proporciona nessa sociedade capitalista.Vejo como uma forma interessante de chegarmos mais próximos da educação emancipatória o desenvolvimento de projetos de extensão que tenham esse viés. Mesmo assim, esses projetos ainda são vistos como 'adjascentes', opcionais ao ensino em sala de aula.
ResponderExcluirAcredito que a curricularização da extensão pode ser um avanço em relação ao desenvolvimento de matrizes que levem em consideração as identidades territoriais, ou cultura local. Mas tudo depende de como essa curricularização será fomentada.
Tatiana Losano de Abreu
Instituto Federal da Paraíba
Prezada Tatiana,
ExcluirEstou de acordo consigo, sobre as dificuldades em colocar em pratica essa Concepção educativa no contexto escolar, no momento histórico pelo qual estamos passando.
Contudo ainda penso que sejam possíveis algumas pequenas ações de resistência e o ensaio de pequenas ações com estratégias didático-metodológicas que insistam nessa nossa perspectiva emancipatória e alternativa à orientação oficial. Por exemplo, penso na possibilidade de trabalhar com alguns temas geradores que partam da centralidade do trabalho (em suas varias dimensões) e que permitam desenvolver de forma integrada e articulada algumas disciplinas profissionalizantes com aquelas básicas. Quem sabe, voce encontrada alguns colegas que por adotarem a nossa visão freiriana topam fazer uma tentativa, um ensaio de desenvolver um ou mais temas geradores de modo integrado ou mesmo desenvolver um pequeno projeto de pesquisa participante com alguma entidade da sociedade civil (associação, sindicato, cooperativa) através dos quais pudessem colocar em pratica alguns dos princípios que defendemos. Quem sabe , poderia ser um passo inicial, para dar um salto maior quando a situação e o cenário político nacional nos forem mais favoráveis. De qualquer forma penso que pequenos ensaios e tentativas de subversão e resistência da ordem burocratizada e rígida, sempre trazem novas aprendizagens ,ainda que apenas nos renovem como profissionais da educação.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Olá professora! É verdade, qualquer tentativa é válida se estivermos caminhando para a educação emancipatória. Obrigada pelas colocações
ExcluirAbraços
Tatiana Losano de Abreu
Profa Silvia. A cada palestra fico mais sua fã. Li recentemente seu livro A Educação Profissional no Brasil - muito interessante o capítulo que retrata sobre os Movimentos Sociais (o livro todo é maravilhoso!). Gostaria de saber se Paulo Freire chegou a estudar explicitamente o conceito de Omnilateridade e em quais obras dele é mais fácil entender implicitamente a formação humana integral .
ResponderExcluirPrezada Nivia,
ExcluirPaulo Freire não chegou a desenvolver num texto especifico o Conceito de Omnilateralidade e formação integral. Você vai encontrar citações esparsas ao longo de toda a sua obra, pois partiu de outros conceitos como cultura, educação , conscientização. Contudo há freirianos como Moacyr Gadotti e os colegas do Instituto
Paulo Freire que escreveram um texto sobre educação integral e Moacyr tinha um artigo cobre o conceito de omnilateralidade. (não é muito recente).
site do IPF - www.paulofreire.org
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Obrigada!
ExcluirProfª Silva, é muito bom ouvir relatos de pessoas que de fato vivenciaram em sua vida de educadora experiência que contribuíram não só para a sua formação, como também para formação dos outros envolvidos no processo. A matriz Freireana como bem colocado pelo a professora diálogo com a educação profissional e tecnológica, no entanto, é comum percebermos que a visão de alguns educadores, nesta modalidade de educação, ainda é voltada para o ensino tradicional e tecnicista, então o que se pode fazer para que os ensinamentos de Freire alcance estes profissionais, que até se dizem defensores de uma educação para autonomia, mas na prática estão bem distante?
ResponderExcluirRosimere Silva Santos Lima
Prezada Rosemere,
ExcluirÉ com imensa tristeza que vivencio este momento de retrocesso e de interdição de experiências no campo da Ept, que vinham se afirmando no campo da formação integral tendo o trabalho e as culturas regionais como princípios fundantes. Nesse momento, não creio seja possível pensar em politicas públicas de formação continua de docentes de Ept, numa perspectiva emancipatória.
Contudo, reputo que experiências como a organização deste congresso, podem se multiplicar por outros canais e meios....Sindicatos, Associações docentes, Ongs, grupos informais de professores nas escolas, podem se organizar e difundir os pressupostos e experiencias que se referenciam na pedagogia freiriana.Já existem várias iniciativas nesse sentindo, pelo Brasil afora, é preciso se engajar e buscar alternativas conjuntas.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Prezada profa. Silvia Manfredi, muito grata por compartilhar as suas experiências como educadora freiriana, bem como, a sua compreensão de mundo e o seu olhar sensível sobre a matriz freiriana. As duas experiências relatadas representam e materializam uma proposta de Educação Profissional e Tecnológica essencialmente emancipatória.
ResponderExcluirConsiderando as políticas educacionais brasileiras no momento atual, penso que teremos muitos desafios, aqui só vou socializar dois, a saber:
1. Articular os saberes socioculturais dos educandos integrados com a formação Profissional e Tecnológica, tendo as diretrizes de um Currículo Nacional Comum Curricular (BNCC) extremamente conteudista e tecnicista, pautada em competências e habilidades.
2. Pensar práticas educativas problematizadoras, democráticas e emancipatórias na Educação Profissional e Tecnológica sem o viés ideológico, uma vez a “Escola sem Partido” - defendido pelo Governo - são pressupostos de uma Escola ou de uma formação que nega a dimensão dos saberes culturais dos educandos, sufoca e vigia as tramas ideológicas democráticas, bem como, controla a visão crítica de mundo e do sujeito no mundo.
Um forte e-abraço,
Rosineide Pereira Mubarack Garcia
Prezada Rosineide,
ExcluirConcordo com as suas ponderações e comentários, contudo penso que apesar de tudo a escola ainda pode ser um espaço de construção de resistências e construção de experiências que podem desenhar propostas para a transformação em outros períodos e momentos históricos.....ainda que no presente os constrangimentos nos impedem....
Lembro sòmente que tanto na minha experiência de educadora e pesquisadora , como muitas reflexões feitas por Paulo, foram sendo elaboradas e praticadas durante os períodos de resistência; a proposta de hoje é fruto da construção de muitos, nos subterrâneos da oficialidade; ´quando é possível temos no momento presente construir pontes com um futuro diferente,sabendo usufruir das brechas e fissuras que o sistema possui.....
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Prezada professora, gratidão pela aula!
ResponderExcluirSua fala é muito importante, principalmente no âmbito dos Institutos Federais onde muitos professores vem lecionar diretamente após concluir uma longa trajetória de graduação, mestrado e doutorado técnico e sem a vivência do público alvo destas instituições. Resta construir esta consciência ao longo do caminho, como foi muito bem dito na conferência.
Prezado Vinicius,
ExcluirSei que neste momento uma formaçao continuada de professores com a perspectiva emancipatòria nao è facil de realizar. Contudo pessoas como voce podem ser os agentes de transmissao, prompovendo essa conscientizaçao.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Contribuições potentes!
ResponderExcluirÉ inegável o caráter ontológico e histórico do trabalho. Assim, as propostas educacionais de educação profissional precisam ter como pilares o reconhecimento dessas dimensões do trabalho. E isso significa também considerar, como bem colocou a professora, o trabalho para além da sobrevivência e considerar a sua importância na formação do sujeito.
É imprescindível da mesma forma, que tenhamos como premissa que precisamos organizar as nossas práticas de tal forma que possamos estabelecer diálogos entre os saberes sociais e os saberes científicos e tecnológicos, e a escola precisa ser o espaço onde essa curiosidade humana vai se criticizando ao ponto de chegar aos rigores dos saberes científicos, como defendeu Freire.
Quais as limitações de um currículo por competência para uma proposta pedagógica que tenha o trabalho como princípio educativo?
Débora Gomes Gonçalves
Prezada Debora,
ExcluirO principio de organizaçao curricular, na perspectiva freriana trabalha com temas geradores ligados a problemas e questoes sobre os mundos do trabalho (da atualidade)
com uma perspectiva de compreende-los, interpreta-los à luz de dimensoes historicas, culturais, sociais e tecnologicas. E claro que a partir deste temas, voce pode e deve prever o desenvolvimento de habilidades cognitivas, relacionais, competencias informaticas, tecnologicas.....ou seja definir objetivos instrucionais relativos a cada disciplina que de modo integrado aporta conteudos teorico praticos para desenvbolver o tema gerador. O problema de um curriculo por competencia è que a lèogica de organizaçao è inversa e partindo de dimensoes operacionais e singulares, nao consegue
trabalhar os conteudos de maniera integrada e aprofundada. Procure ler algumas experiencias que trabalham com temas geradores na ept e perceba concretamente como a logica è distinta.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Prezada professora Sílvia, bom dia!
ResponderExcluirParabéns pelas excelentes colocações. É sempre um prazer para mim ouvi -la, como também, debruçar-me nas leituras de suas obras.
Sou docente e estou como coordenadora de estágio em um eixo tecnológico, penso q a educação profissional encontra-se permeada de inúmeros desafios, mas também, vislumbro cenários de grandes possibilidades.
Um dos desafios é a variedade polissemica do termo Trabalho, ainda confundido como emprego. Acredito q mesmo com muitos avanços nas discussões sobre a Educação desta modalidade, ainda existe uma imprecisão conceitual desse termo. É fundamental q o Trabalho seja visto como um princípio, não como o meio.
Assim, baseada nessas inquietações, gostaria de fazer uma provocação:
De que forma Paulo Freire poderia nos ajudar a pensar uma educação profissional para além do "mercado de trabalho"? Quais perspectivas / estratégias freiriana poderiam contribuir para q os "demitidos da vida" não permaneçam com "as mãos estendidas em gestos de súplica"?
Prezada Lilia,ir
ExcluirEfetivamente a tua inquietaçao è uma provocaçao . As obras de Freire embora nao mencionem especificamente à educaçao profissional contèm varias pistas para que nos criemos estratégias educativas na perspectiva da tomada de consciencia, da autonomia, da construçao entre teoria e pratica e por ai vai....penso que no relatos feitos durante esta conferencia voce pode encontrar algumas experiencias significativas para construir caminhos possiveis de cosncientizaçao e quiça de mudança.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Parabéns! Muito pertinente essa Conferência. De fato, nós educadores/ras precisamos interligar os conhecimentos culturais aos teóricos. Essa tessitura é de extrema necessidade.
ResponderExcluirSuas reflexões lastreadas nos princípios Freirianos são muito oportunas.
Prezada Ana Maria,
ExcluirBoa parte das minhas reflexoes também sao lastreadas em praticas e penso que apesar das dificuldades, houve muito crescimento e aprendizagem de minha parte como educadora e de muitos dos troabalhadores com quem interagimos ao longo dos anos. Esse mix de culturas è muito rico e produtivo.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Professora Silvia Manfredi, para mim é um momento importante ouvi-la. Estamos com uma reforma do ensino médio por meio da Lei 13.415/2017 para ser implementada nas instituições de ensino. Sabemos dos dilemas que essa lei apresenta para uma prática da educação emancipatória, contextualizada e reflexiva da realidade e do mundo do trabalho. Se possível, gostaria que comentasse um pouco sobre essa legislação e a (im)possibilidade de se pensar emancipação e autonomia quando da inexistência do diálogo para se pensar politicas públicas de educação.
ResponderExcluirPrezada Maria Fernanda,
ExcluirPosso imaginar a frustraçao de educadores como voce que estao na linha de frente , tendo que enfrentar uma reforma retrograda que anula muitas das conquistas feitas nas ultimas décadas....E uma reforma na contramao de tudo em que acredito e tenho lutado no campo da educaçao. Confesso que nao me preocupei em conhece-la em profundidade. Contudo penso que no quotidiano do nosso trabalho das escolas, sempre podemos encontrar brechas para driblar a oficialidade. O importante è criar se momentos de dialogo com os alunos e os colegas para construir alternativas possiveis, ainda que pontuais. Esse congresso, està abrindo brechas e portas.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Boa tarde professora Silvia. Agradeço pela oportunidade de ouvi-la. Muito importantes as suas colocações, principalmente para quem está na Educação Profissional e Tecnológica e acredita numa educação verdadeiramente integral e ampla. Sou mestranda do ProfEPT e desenvolvo minha pesquisa na área da educomunicação, fortemente conectada aos preceitos freirianos nas obras de Kaplún e Martin-Barbero. Defendo que a Educação Profissional e Tecnológica só será integral e ampla se também for educomunicativa, pois para uma leitura crítica de mundo no tempo em que vivemos a comunicação é essencial, pois ela circunda a vida. Gostaria de ouvir sua opinião a respeito da inclusão da educomunicação nos processos educativos e sobre como tornar isto uma realidade?
ResponderExcluirEliane Vieira de Ataides Valim
eEliane,
ExcluirConfesso que nao tenho muita familiaridade com os autores que voce menciona. Contudo penso que os principios frerianos de dialogo, leitura critica do mundo e das informaçoes se apliquem também na educaomunicaçao. Como viabiliza-la nao saberia lhe responder pois dependem de varias condiçoes materiais, recursos humanos e institucionais (regulamentaçao ) que podem nao existir no momento e que devem ser criadas....contudo creio que seria uma area de fundamental importancia .
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Parabéns Professora Silva, importante conferência!!!
ResponderExcluirObrigada Rosenir,
ExcluirPenso que a contribuiçao de Freire continue sendo um farol guia.
Silvia Maria Manfredi
Prezada professora Sílvia, a minha admiração. Trouxe-nos excelentes contribuições, como sempre, para uma compreensão acerca da educação como prática social e portanto de uma educação profissional emancipatória. No entanto há que se considerar que enquanto avançamos no sentido de uma educação emancipatória nos deparamos também com ataques promovidos aos projetos que pretendem a sua supressão. Assim, o que se vê é um projeto crescente de desmonte da educação e de desvalorização do trabalho como prática de liberdade. Nesse contexto, Paulo Freire torna-se necessário seja para o fortalecimento de práticas educativas emancipadoras, seja para o combate às práticas nocivas que impedem a implementação de uma educação integral e emancipatória.
ResponderExcluirObrigada Nelian,
ExcluirO importante é seguir trabalhando nessa direçao. O Congresso està servindo para somar forças e idéias nesse sentido.
Silvia Maria Manfredi
Prezada Professora,
ResponderExcluirgostaria de iniciar lhe parabenizando pela importante contribuição. Muito necessária a educação profissional e tecnológica a conexão com experiências e reflexões que busquem articular os dois tipos de "conteúdos culturais". Também comungo da ideia de que o trabalhador é produtor de si mesmo e produtor de cultura, essa crença manifesta-se, entre outros, no relato de experiência submetido nesta conferência. É motivador acessar a reflexões que ressaltam a importância dos saberes das experiências para ampliar a formação na EPT.
Uilma dos Santos Ramos
Mestranda ProfePT IF Baiano / Campus Catu.
Obrigada Uilma,
ExcluirEspero que voce construa muitas dessas pontes entre os dois saberes.
Silvia Maria Manfredi
Primeiramente gostaria de parabenizar pela excelente aula. Gostaria de saber quais são os principais desafios para construção de uma educação profissional que seja emancipatória?
ResponderExcluirMaíra Vitória Moreira dos Santos
Prezada Maira,
ExcluirOs desafios sao muitos e vao desde a estrutura curricular, a cultura da escola e dos professores, bem como das expectativas dos alunos (entre outras). Passa principalmente pela tomada de conscienciapolitico-pedagogica dos docentes e naturalmente das condiçoes de funcionamento organizativo das escolas e do grau de autonomia e da possibilidade de planejar e construir coletivamente os projetos de ensino. As barreiras podem ser muitas, mas quando existe consciencia e vontade politicas as brechas podem ser sempre encontradas, penso que na sala de aula quem manda sejam ainda os professores, que podem criar varias situaçoes de dialogo e construçao de alternativas de conhecimento junto com os alunos. Trabalhar com projetos e temas geradores (na acepçao freriana) pode ser um bom começo.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Uma honra ouvi-la! Parabéns! A sua trajetoria contribui bastante para ampliar o alcance dos conhecimentos de Paulo Freite. A articulação entre saber popular e saberes escolares na EPT é, de fato o desafio que se soma a necessidade de se superar a desarticulaçao entre conhecimentos tecnicos e conhecimentos científicos.
ResponderExcluirObrigada Marta,
ExcluirSimbora tentar aplicar na pratica, è muito enriquecedor.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi
Professora gostaria de saber que estratégias podemos utilizar para promover uma educação emancipadora que capacite o estudante para além do mercado de trabalho dentro de instituições como os Institutos Federais.
ResponderExcluirNeste Congresso, através dee algumas palestras e dos relatos trouxe uma série de exemplos de possibilidades, reflita sobre as experiencias apresentadas.
ExcluirUm abraço,
Silvia Maria Manfreedi
Parabéns Professora Silvia por nos presentear com esse diálogo que nos é caro. Pensar uma educação profissional emancipadora é pensar numa educação politécnica, onde o trabalho. a ciência e a cultura estejam em estreita relação. Muito grato por suas considerações sobre a educação profissional, Paulo Freire e a relação do trabalho com o conceito de cultura.
ResponderExcluirAdilton Silva Gomes
Obrigada Adilton,
ExcluirVamos continuar a lutar e a esperançar como diria Freire.
Um abraço,
Silvia Maria Manfredi